domingo, 24 de março de 2013

Cristianismo e Cultura

Texto elaborado para o fórum de discussão sobre Afrobrasilidade e o Cristianismo na Igreja Presbiteriana do Cabo de Santo Agostinho.

“Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação”. (Apocalipse 7:9,10)





Vivemos num país multicultural. Povos de muitas nações, raças, tribos e também de línguas variadas vivem no Brasil. O nosso país é formado por “holando-brasileiros”, “americano-brasileiros”, “germano-brasileiros”, milhares de tribos indígenas, “semitas-brasileiros” e também “afro-brasileiros”. Todos os povos que formam o nosso país, dos quais citei apenas alguns, apesar de provindos das mais variadas culturas e nações formam hoje, aqui no Brasil, uma única nação e também uma única cultura, que, ainda com diversas variações formam a cultura brasileira. Portanto, não deveríamos promover uma cultura em detrimento de alguma outra. Todos os povos que formam a nossa nação atual tiveram grande contribuição histórica, cultural e econômica. Então, minha opinião é que o estado não deve promover ou proteger uma cultura singular, como acontece atualmente, mas deixar que cada uma se desenvolva de forma particular e democrática, visto que todos os povos que aqui habitam tiveram que abdicar de pontos importantes da sua cultura original em favor de uma cultura “maior” que é a cultura brasileira.

Mas qual deve ser a cultura do cristão neste mundo pluricultural? Já disse o Rev. Dr. Heber Campos Jr.: “Cultura nenhuma nesse mundo é neutra. Ou ela agrada a Deus ou ela desagrada a Deus” (ver). Sabendo disso, entendemos que a cultura do cristão jamais pode ser neutra. O verdadeiro cristão vive para agradar a Deus. Isso independe do que a sua família pensa; do que a sua tribo ou nação pensa; do que o estado pensa. Isso também é independente da cor da sua pele ou do quanto a sua cultura originária é ou foi importante. Para o cristão só deve existir um alvo em sua mente, a Glória de Deus. Qualquer coisa que não contribua para este propósito deve ser deixada de lado. Ainda que tal coisa seja o aspecto primário da formação de uma cultura, o ambiente familiar. “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim. Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á” (Mateus 10:37-39).

O cristão deve abrir mão de “toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo...” (2 Coríntios 10.5). Certa vez disse o reformador Zwínglio: “E quanto a Verdade, não podemos abandoná-la, mesmo que isso implique na perda de nossa vida, pois não vivemos para esta geração, nem para servir aos príncipes, mas para o Senhor”.

O cristão deve levar em conta que Cristo está acima de qualquer tradição. Não importa de quem descendemos, africanos, portugueses, ingleses, judeus, japoneses, brasileiros. “Nem se ocupem com fábulas e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões do que o serviço de Deus, na fé” (1 Timóteo 1.4).

Quando falamos de afro-brasilidade e o cristianismo, devemos entender que o Cristianismo não se molda a nenhuma cultura, mas indivíduos de culturas diversas se moldam ao ser de Cristo sendo, por ele, enxertados na descendência de Abraão com quem Deus fez sua aliança perpétua, disse Deus a Abraão:  “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis 12.3). Dessa forma quer você seja um hindu, ou um mexicano, ou americano, senegalês, ou canadense, você pode exerce o cristianismo de forma autêntica, para isso basta entender que nós, os que somos de Cristo, somos “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, afim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia” (1 Pedro 2:9).

Michael Horowitz, erudito judeu ortodoxo que nobremente assumiu a vanguarda da campanha em defesa dos cristãos perseguidos, calcula que uns 150.000 deles — o total dos mártires dos primeiros séculos — morrem anualmente assassinados pelas ditaduras da China, do Vietnã, da Coréia do Norte, do Irã, do Sudão, etc. Dessas ditaduras, umas são comunistas: cumprem fielmente a máxima leninista de "varrer o cristianismo da face da Terra". Outras são islâmicas: violam despudoradamente o mandamento corânico que proíbe a coerção em matéria religiosa. Coerentes ou incoerentes, são todas genocidas”. (CARVALHO, Olavo. A mensagem que não veio)

Isso se deve ao fato de que eles entenderam que são peregrinos e estrangeiros aqui; entenderam que Cristo é maior que a sua família, que a sua raça, que a sua nação. Como cristãos devemos entender que nossa caminhada é contrária a cultura do mundo e cânhamos isso de Contracultura Cristã. Nós devemos caminhar na contramão do mundo no que diz as obras infrutíferas das trevas. O mundo prega o egoísmo, nós devemos nos doar ao próximo e considerar os outros superiores a nós mesmos. O mundo prega a imoralidade, nós pregamos a santidade e como podemos obter os seus benefícios por meio de Cristo.
Igreja Presbiteriana do Cabo


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