Quando
varremos nossas casas ou espanamos nossos móveis lançamos para fora o tão
indesejável pó. Ao vermos no final da faxina aquele monte de sujeira na pá, que
em breve vai à lixeira, quase nunca, ou mesmo jamais, passa pela nossa mente
que somos constituídos pelos mesmos elementos os quais desejamos nos ver
livres.
Geralmente
nos esquivamos dessa realidade (real fragilidade). Temos uma visão sobremodo
elevada de quem nós somos e nos esquecemos dos reais elementos que compõem a
nossa matéria. Por mais baixa que seja a nossa estima raramente, ou quase
nunca, tomamos consciência de que somos o pó que contaminou a terra e a fez
maldita. A soberba é cada vez mais constante e nós buscamos sempre “erguer
monumentos para si”, como fez Saul após vencer os amalequitas (1 Samuel
15).
O
pecado sempre é uma falha tentativa de nos elevarmos da condição de pó até a
condição de Deus. Como disse a enganadora serpente no Éden: “...no
dia em que dela comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis
conhecedores do bem e do mal” (Gênesis 3.6). E os nossos olhos foram abertos,
assim também nossos corpos foram abertos à corruptibilidade. Tal conhecimento é
insuportável à nossa estrutura física. O mal nos faz perecer; nos faz voltar a
ser pó; nos descria, pois não fomos criados para conhecê-lo, visto que tal
conhecimento trás consigo a nossa destruição. E apesar de termos nos tornado
como Deus (conhecedores do bem e do mal), não nos tornamos iguais a Deus que
tem o poder inerente ao seu ser de conhecer o mal e até mesmo ordená-lo sem que
seja corrompido por ele. Nós, pelo contrário, corrompidos somos, pó somos.