quinta-feira, 7 de junho de 2012

Os Vingadores da vida real


   Da telona para a vida real. Nas telonas eles são exaltados e recebem milhares de fãs como prêmio por "salvar" a humanidade das ameaças inimigas, mas na vida real eles apenas aparentam livrar a população dos indivíduos perigosos. Estou falando daqueles que popularmente conhecemos como justiceiros, matadores, e também (de maneira mais organizada) como milícias. No geral eles ganham para matar e fazer "justiça" ou vingança com as próprias mãos. Mas qual o resultado que isso produz?

   O Brasil tem atualmente o maior índice de homicídios do mundo em números absolutos. Isso significa dizer que em 20 anos foram assassinadas mais de um milhão (1.091.125) de pessoas e quase cinquenta mil destas mortes tiveram características brutais. Parece até piada o governo criar programas para a redução da população. Aqui no país isso já é feito a muito tempo à base do "três oitão".

   Segundo o ministro da justiça José Eduardo Cardozo, em entrevista concedida ao Bom Dia Brasil em outubro do ano passado, existem muitos fatores que contribuem para os nossos altos índices de violência. Mas o que ficou em destaque na citação feita por ele foi a impunidade. Este único fator já é o suficiente para que a justiça seja feita como cada um quiser e os "vigadores" sejam acionados. 

   Moro numa das cidades mais violentas de Pernambuco, o Cabo de Santo Agostinho que é atualmente a terceira cidade mais violenta do estado (primeira entre os municípios acima de 100 mil habitantes) e o vigésimo oitavo município mais violento do pais. E podemos perceber que boa parte das mortes, apesar e possuírem relação com o tráfico de drogas, são dos chamados "marcados para morrer". São pessoas que de alguma forma estão em dívidas, seja com o narcotráfico; seja com a sociedade ou com os próprios justiceiros os quais, não poucas vezes, também se tornam vítimas do seu próprio meio de vida. O resultado  disso é o que podemos chamar de violência alimentando uma gigantesca bola de neve ensanguentada que só faz crescer ano após ano.

   Isso é o que acontece quando a justiça se corrompe e o povo se torna juiz. São ações de justiça nas mãos das pessoas erradas e intenções corruptas onde se deveria haver justiça. E a nação geme; as mães, os pais e os filhos choram ao sentirem na pele os efeitos da justiça nas mãos de bandidos e os juízes como figuras de injustiça.

   Como cristãos e cidadãos devemos lutar pelos nossos direitos, contudo jamais poderemos executar a função de juiz, pois é somente ao "SENHOR Deus, a quem a vingança pertence..." (Salmo 94:1). Como Cristão devemos aguardar o juízo de Deus sobre aqueles que nos cometem dano, e aqui nesta terra os instrumentos utilizados por Ele para esse fim são as autoridades, as quais devemos orar por elas para que não cometam injustiça e punam com rigor os criminosos (ver Romanos 13).

Guilherme Barros

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